Ao longo deste estágio aprendi muito e conheci realidades das quais não
tinha a noção que existiam tão perto de casa. Claro que inicialmente há sempre
aquele “friozinho” na barriga e pensamos como será?; será que vou ser capaz de
aplicar os meus conhecimentos e estar à altura das espectativas?. Felizmente a
empatia com a orientadora de estágio e Técnica Principal de Saúde Ambiental,
Teresa Meireles, foi imediata, assim como com todos os outros TSA, médicos,
enfermeiros e administrativos. À medida que o tempo passa as atitudes e forma
de estar e saber mudam, para melhor claro! Isto porque aprendemos, e não faz
mal nenhum errarmos. Desde que andamos na escola é-nos incutido que é através
dos erros que se aprende e que evoluímos como seres humanos. Quando somos
crianças isso passa-nos ao lado, e erramos mesmo sem nos darmos conta, no
entanto, à medida que crescemos e ganhamos consciência sobre os nossos atos
torna-se difícil querer errar para ser “perfeito”. Porque ao errarmos estamos a
demonstrar que não aprendemos como deve de ser o que nos foi ensinado na
escola. Isto acontece muito comigo e certamente com muitas outras pessoas.
Importa perceber e meter na cabeça que uma coisa é a teoria outra coisa é a
prática. E muitas vezes o que se estuda na teoria não tem aplicação na prática
ou então essa aplicação modifica-se; quero eu dizer com isto que em contexto
real de trabalho é difícil seguir à risca, os métodos e procedimentos exatos
que se estudou devido à interferência de diversas variáveis. Outra questão que
importa relatar aqui, no que diz respeito ao “não errar para ser perfeito”, tem
a ver com a pressão a que estamos sujeitos porque estamos a ser avaliados e
porque temos medo de expressar o que pensamos sobre determinado assunto ou
tarefa por achar que possivelmente possa estar errado e julgarem-nos porque não
adquirimos os conceitos. Outro lado da moeda diz respeito à argumentação técnico-científica.
Para mim foi bastante difícil comentar assuntos com rigor técnico e em
determinadas situações propor soluções alternativas e/ou inovadoras. Aprendi
que é com bastante pesquisa, não só sobre os conceitos em si mas também saber o
que acontece noutros locais do país e no estrangeiro; ver outras realidades
diferentes das nossas para poder comparar e tirar conclusões. E, claro,
aprende-se principalmente com a experiência.
Falando um pouco das atividades desenvolvidas ao longo deste estágio
curricular III e que não tive oportunidade de as desenvolver com pormenor em publicações
neste blogue, é de referir as
atividades no âmbito da vigilância das águas de piscinas e de abastecimento;
visitas domiciliárias decorrentes de queixas de insalubridade relacionadas com
animais; saúde escolar, nomeadamente a avaliação técnica das condições de
segurança, higiene e saúde dos estabelecimentos de educação e ensino; apreciação
técnica de projetos de arquitetura de estabelecimentos sociais no âmbito de
pareceres de licenciamento; educação para a saúde em comunidade escolar e
auditorias a salas de vacinação.
O programa de vigilância das águas das piscinas é realizado todas as
terças-feiras, segundo orientações da Administração Regional de Saúde de Lisboa
e Vale do Tejo, I.P. (ARSLVT, I.P.), nomeadamente a calendarização dos locais e
o tipo de amostras a realizar em cada local, para além das ações de campo que
são sempre obrigatórias de realizar (medição do pH, do teor de cloro livre e
cloro combinado). Todas as amostras efetuadas eram depois entregues, no mesmo
dia e devidamente identificadas, no Laboratório de Saúde Pública, do ACES de
Oeiras. Todos os resultados das análises são depois enviados para os técnicos
responsáveis pelo programa. O programa de vigilância das águas de abastecimento
segue o mesmo padrão, no entanto é realizado apenas na primeira quinta-feira de
cada mês. Tendo em conta o elevado número de piscinas e o reduzido número de
técnicos, não é possível dar resposta e vigiar de forma regular todas as
piscinas.
As visitas domiciliárias decorrentes de queixas de insalubridade relacionadas
com animais eram realizadas em conjunto com um representante da Câmara
Municipal de Cascais. Esta foi uma atividade que fiz apenas uma vez, mas
aprendi que existem abordagens diferentes. Cabe à saúde verificar as questões
de higiene, segurança, conforto e disponibilidade dos bens essenciais, como abrigo
adequado, alimento e água, bem como verificar evidências de quaisquer sinais de
doença. As questões de registo, licenciamento, e demais documentação e
situações referentes aos animais perigosos ou potencialmente perigosos estão à
responsabilidade da polícia municipal.
A saúde escolar foi uma área que gostei bastante de fazer. Nunca a
tinha realizado em estágios anteriores e estava com um certo receio. As
avaliações técnicas das condições de segurança, higiene e saúde dos
estabelecimentos de educação e ensino são bastante importantes para identificar
os aspetos mais vulneráveis e que precisam de ser melhorados. Estas avaliações
abrangem várias vertentes, desde as condições do meio envolvente próximo do
estabelecimento, a segurança do recinto escolar e estrutura do edifício,
passando pelas questões de segurança e higiene alimentar e pela vigilância da
água de abastecimento.
Tive a oportunidade de efetuar uma apreciação de um projeto de
arquitetura onde pretendiam alterar a licença de utilização para um lar de
idosos. Senti-me relativamente à vontade em realizar esta atividade, isto
porque para além das condições mínimas exigidas por lei tive a experiência
obtida em vistorias anteriores a lares de idosos, o que ajudou bastante na
apreciação.
Neste estágio desenvolvi também uma ação de sensibilização em duas creches
do concelho. O projeto intitulado de “Bisfenol A? Não, Obrigada!” teve como
base um original pensado e concretizado por duas colegas de turma, Inês Inácio
e Raquel Adriano. O projeto original consistia na sensibilização dos
profissionais de saúde do Centro de Saúde de Beja sobre a problemática do uso
do composto bisfenol A no fabrico de plásticos e as suas consequências na saúde
humana, para depois poderem passar a mensagem para os seus utentes sob a forma
de prevenção. O projeto também teve uma parte de contato com a comunidade que
frequentava o centro de saúde no âmbito de uma campanha de troca de produtos (biberões
e chupetas) por outros livres de bisfenol A. A adaptação feita para a realidade
do Centro de Saúde de São João do Estoril, no que diz respeito à disponibilidade
por parte dos profissionais de saúde em colaborar, foi que este projeto foi
aplicado diretamente nas creches direcionando a formação para os pais e
comunidade escolar (educadores, auxiliares, administrativos, técnicos, entre
outros que quisessem participar). O objetivo do projeto era o mesmo, apenas o
local de intervenção era diferente. Do feedback
recebido através de questionários efetuados no final de cada sessão percebeu-se
que a maioria ficou desperto para esta problemática mostrando-se interessados
em saber mais, não só sobre o assunto a que os levou a ir à sessão mas também
sobre outros, nomeadamente segurança alimentar, outras substâncias que possam
pôr em risco a saúde das crianças, entre outras sugestões.
Por último, falo-vos sobre a experiência que tive em realizar uma
auditoria a uma sala de vacinação. É uma auditoria bastante pormenorizada, exaustiva
e, em certos pontos, repetitiva.
Despeço-me então com o meu sincero obrigado por toda a aprendizagem, amizade, cumplicidade e alegria partilhada por toda a equipa de Saúde Pública, e em especial, à minha orientadora Teresa Meireles.
Não querendo menosprezar o trabalho e dedicação da Profª Raquel Santos pela ajuda e dicas de trabalho, pela paciência que tem e pela transmissão de confiança que me deu.
Obrigada!!!
"É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer."
Aristóteles
"Os tolos dizem que aprendem com os seus próprios erros; eu prefiro aprender com os erros dos outros."
Otto Bismarck
"Não se aprende bem a não ser pela experiência."
Francis Bacon
"Eu acredito que o melhor processo de aprendizagem, em qualquer tipo de atividade, é olhar para o trabalho dos outros."
Wole Soyinka
"Qualquer idade é boa para aprender. Muito do que sei aprendi-o já na idade madura e hoje, com 86 anos, continuo a aprender com o mesmo apetite."José Saramago
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